Ciúme tem cura?
O amor-próprio é a base do equilíbrio emocional e da evolução espiritual.
Por Ana Cristina Vargas
Quando abordamos o tema ciúme, sempre surge a pergunta: será que ele tem cura? E, com ela, relatos de mil sofrimentos. Miguel de Cervantes, autor de Dom Quixote, escreveu: "Se o ciúme é sinal de amor, como querem alguns, é o mesmo que a febre no enfermo. Ela é sinal de que ele vive, porém uma vida enfermiça, maldisposta?.
O ciúme é um sentimento doloroso de ameaça de perda de algo que se possui. O jogo mental perverso do ciúme só acontece com os pares: vítima e vilão. Uma relação cruel de "quem domina". Se é vilão ou vítima, pouco importa, pois o ponto de conexão que os atrai é o mesmo: a baixa autoestima, o sentimento de inferioridade e de não merecimento, a baixa autoconfiança, o pouco autoconhecimento e a incompetência para administrar as próprias emoções, entre outros.
Terapias e leituras são recursos úteis. Mas, para enfrentar esse monstro de olhos verdes, é preciso reconhecer que o problema está em si. Buscar conhecer-se, desenvolver a capacidade de enxergar-se sem ?desculpismos? e justificativas; ser franca e honesta para reconhecer a baixa autoestima, a baixa autoconfiança e o descontrole, sem buscar culpados no passado, mas assumindo o estado atual e confrontando-o para modificá-lo; colocar-se no lugar do outro com quem convive e se perguntar: se ele fosse eu, será que eu gostaria de viver comigo?
O amor-próprio é a base do equilíbrio emocional e da evolução espiritual. Jesus ensinou a "amar o próximo como a nós mesmos". Logo, se não nos amamos, não amamos o outro. O conhecimento da espiritualidade facilita esse caminho interior, pois descobrimos que somos seres divinos e imortais, criados para a felicidade e o progresso, dotados de uma natureza apta e propensa ao prazer de viver. Não somos pobrezinhos, coitadinhos, vítimas das circunstâncias ou criaturas lançadas à vida por um Criador sádico que a alguns premia e a outros faz sofrer. Nada disso. Somos os construtores de nós mesmos, colhemos o que plantamos, nem mais nem menos. Depende de nós sermos felizes. Estamos imperfeitos, é verdade, e daí ciumentos, egoístas, invejosos, e por isso não valorizamos o que em essência somos: espíritos imortais, filhos de Deus.
Contudo, somos capazes de crescer, e isso é libertador. O nosso Criador é sábio, amoroso e benevolente, não condena nem pune, ensina. A grande lei da vida é o amor, que começa por amar a mim mesmo. Entender essas verdades simples e profundas é transformador. Não é mais do olhar dos outros que dependerá a minha autoestima, mas, sim, da minha própria consciência.
Despertando para essa realidade, tiramos o outro, o parceiro, do centro da atenção e centramo-nos em nós mesmos, aprendemos a suprir as nossas necessidades de cuidados e de realização com recursos próprios. É um caminho de descoberta do próprio poder. Conscientizamo-nos de que cada um possui apenas a si mesmo, viajamos pela vida muito mais leves e nos libertamos, definitivamente, da ilusão de querer controlar a vida alheia ou de que alguém nos pertence.
Fonte.Portal Vida & Consciência
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